Solução Livre

Ser o que se foi

Tento pintar com palavras,
o que sinto por você.
Pinturas abstratas é tudo que vejo.

Embaixo de marquises sujas,
as palavras me vêem a cabeça.
Não as controlo, apesar de nada elas disserem.

Consigo descrever sentimentos
Que já não sinto mais,
antes me feriam, agora apagam
O tédio de uma noite sem sono.
Escrevo, escrevo, escrevo...
Mesmos sem nada eles disserem.

Se o leve tocar do vento,
sobre minha pele traz sensações agradáveis
nelas você já não faz parte.

Agora passo a olhar outras,
olhares que eram dedicados a você
agora é de qualquer outra.
Pelas ruas com cheiro de cerveja velha ando.
Troco olhares, gostos, fluídos.

Apenas elevo o instante.
O amanha já não é meu.
O que faço é guiado pelo desejo,
e você já não é minha meta.

Seu cheiro mudou de categoria,
agora pertence aos desagradáveis.
Um monte de carne cheio de imperfeições
é como vejo seu corpo.
Teu halito se tornou desagradável.
O som de mil trovões,
em uma noite escura é tua voz.

Agradeço pelo dom de sentir,
e conseguir desenhar com palavras.
Desenhos tortos mais sinceros.

posted by André Dias @ 10:58 PM